Escrever é um ato político. Uma forma pela qual os indivíduos expressam e compartilham visões de mundo, mesmo que contrariando aspectos culturais de uma determinada ordem social. Pensar sobre a relação dos indivíduos com a escrita é tão complexo que pode ancorar-se em diversas perspectivas teórico-metodológicas, bem como em diferentes percepções da história da leitura e da escrita. Certo é que aprender a escrever e ler propicia também o aprendizado da expressão verbal e escrita nas diversas possibilidades de textos da vida (SANTOS; ROCHA, 2018, p. 8). E, para se compreender o processo de aprendizagem da escrita, é necessário observar o indivíduo nas esferas social, cultural e política, sem descartar os aspectos psíquicos e cognitivos.

Nesta perspectiva, propõe-se aqui um projeto de pesquisa que será desenvolvido por profissionais e docentes do campo do Design juntamente com profissionais e docentes da Educação, com foco no desenvolvimento humano a partir de um processo de alfabetização disruptivo e alinhado com as pautas sociais contemporâneas que possa interferir na autonomia das crianças e, consequentemente, dos cidadãos. O objetivo é contribuir para a inserção de conteúdo sobre tipografia na formação de professores alfabetizadores. Releva-se que compreender o Design como um campo que pode conectar-se a variáveis não econômicas — tais como políticas de igualdade social, desenvolvimento da autoestima, valorização cultural — é motriz para projetos como este, que visam, entre outras coisas, fissurar a lógica da mecânica capitalista.